Mudança climática gera aumento da taxa de mortalidade de arvores tropicais na Australia
Par Otavia Souza Santos
Posté le: 20/05/2022 16:29
O aquecimento global e as alterações climáticas estão diminuindo o tempo de vida das arvores tropicais na Australia. Como consequência, o carbono armazenado nas arvores tende a voltar mais rápido para a atmosfera, aumentando o efeito estufa.
Segundo os pesquisadores, desde 1980 a taxa de mortalidade de arvores tropicais da Australia dobrou em virtude das alterações climáticas. Cientistas analisaram registros feitos ao longo de 49 anos e descobriram que a taxa de mortalidade anual de todas as espécies de árvores duplicou nos últimos 35 anos. Segundo o estudo publicado recentemente na revista cientifica Nature, a taxa é ainda maior quando analisada em terrenos menos húmidos.
Os cientistas concluíram que as árvores estão a “durar” quase só metade do tempo de vida que tinham antes e que a taxa de mortalidade destas árvores duplicou nas últimas quatro décadas. Estes padrões foram registados em todas as espécies e zonas florestais analisadas.
“Foi um choque ver um aumento tão grande na taxa de mortalidade das árvores, principalmente notar uma tendência transversal às espécies e locais que estudámos”, afirmou o autor principal do estudo, David Bauman. “Um período de duplicação constante no risco de mortalidade implica que o CO2 armazenado nestas árvores regressa duas vezes mais rápido para a atmosfera.”
Ainda de acordo com os pesquisadores, é possível observar não só um aumento na taxa de mortalidade das florestas tropicais, como também é possível precisar que esse fenômeno teve início da década de 80. As florestas tropicais, assim como os corais, estão sofrendo essas mudanças há décadas o que denuncia a urgência na implementação de medidas contra o aquecimento global.
O estudo envolveu uma equipa internacional de cientistas de várias universidades australianas e do Peru, assim como do Centro de Investigação Ambiental Smithsonian (Estados Unidos), da Universidade de Oxford (Reino Unido), e do Instituto de Investigação e Desenvolvimento Sustentável (IRD, de França), que analisou os dados de longa duração das florestas tropicais da Austrália.
Importante destacar que as florestas tropicais são grandes depósitos de carbono, atuando como freios moderados contra o aquecimento global uma vez que absorvem cerca de 12% das emissões de dióxido de carbono produzidas pelo homem.
Essas alterações climáticas levam ao aumento da temperatura média da superfície da Terra ao longo dos anos, o que gera um impacto direto na saúde das árvores. O ar mais quente retira humidade interna das plantas e deixa-as mais “sedentas” de água. Esse fenômeno, conhecido como estresse hídrico, deixa estas espécies tropicais em perigo, diminuindo sua capacidade de armazenamento de agua e, como consequência, o carbono retorno mais rapidamente para a atmosfera. Isso prejudica não só a saúde e diminui o tempo de vida das arvores, como também torna mais difícil cumprir as metas de temperatura definidas pelo Acordo de Paris.
Vale lembrar que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas concluiu que os três próximos anos são cruciais para manter o aquecimento do planeta dentro da meta firmada por 196 países no Acordo de Paris. Ou seja, a humanidade tem apenas três anos para diminuir drasticamente as emissões de poluentes do efeito estufa afim de impedir consequências irreversíveis ao planeta.
Esse prazo de três anos é considerado a data-limite proposta por especialistas que divulgaram um documento tido como referência no assunto aquecimento global. No mesmo dia da publicação deste documento, a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou um dado alarmante: praticamente toda a população mundial respira um ar considerado impróprio. As entidades defendem que é a melhor saída para reverter esse cenário catastrófico é abandonar o uso de combustíveis fósseis e adotar biocombustíveis.