O projeto Artic LNG 2 do grupo russo Novatek e do grupo francês Total prevê a instalação no Ártico russo, na península de Gydan, de uma plataforma de liquefação do gás. Isso envolveria a construção de uma instalação semelhante à que já existe na Península de Yamal.

Este projeto, validado pela Novatek e Total em dezembro de 2019, deve permitir a exportação de gás natural para a Europa e Ásia. O gás extraído do Ártico Russo seria arrefecido a -163 ° C, o que o liquefaria. Em seguida, seria transportado de barco para os países europeus e asiáticos pela rota do norte.

Duas empresas chinesas do setor aderiram a este projeto em 2020, que exigirá para ser construido uma obra colossal.

Este projeto de grande escala deveria custar mais de 17 bilhões de euros. No entanto, a empresa russa Novatek, como outros actores russos do setor de hidrocarbonetos, esta afetada pelas sanções americanas. Para financiar este projeto, a empresa terá, portanto, de recorrer a bancos chineses. Um consórcio japonês também aderiu ao projeto.

O governo chinês está fortemente interessado neste projeto porque a produção de gás no Ártico permite um abastecimento regular da China em gás.

A França também poderia dar seu apoio financeiro por meio de garantias de exportação, como já fez para um projeto semelhante na península de Yamal, na Rússia.

Ao conceder garantias à exportação, o Estado garante empréstimos concedidos as empresas francesas e, desta forma demostra o seu apaio aos projetos realizados por essas empresas. Este apoio seria justificado pela vontade do Estado de prestar a sua assistência na defesa das exportações francesas.

No entanto, projetos como o Artic LNG 2 representam grandes riscos para o meio ambiente, principalmente quando estes estão localizados na região ártica.

A fauna e a flora presentes nesta região são particularmente frágeis e restauram-se muito mais lentamente do que em qualquer outro lugar. Além disso, o gás liquefeito neste local seria transportado por navios-tanques através da rota do norte, tornada praticável devido ao derretimento do gelo.

A passagem de barcos nesta área será bastante importante porque a empresa Novatek confirmou a construção de 10 novos navios de GNL. Esses novos transportadores de GNL irão se juntar à frota de 15 transportadores de GNL já em serviço para o local da península do Yamal.

No entanto, em 2019, o parlamento francês votou uma meta de neutralidade de carbono para 2050.

Alguns comentaram que o apoio dado pelo Estado francês a este projeto pode ser interpretado como uma falta de seriedade em relação aos compromissos climáticos que foram assumidos.

O governo francês tempera essa interpretação argumentando que, se o gás natural, que é um combustível fóssil, contribui para o aquecimento global, ele ainda terá um papel importante a desempenhar na transição energética.